O nevoeiro espalhava-se, víamo-lo a estender preguiçosamente
os seus braços para rapidamente engolir as charnecas, devorar estevas,
rosmaninhos, rosas albardeiras, tojos, jóinas. Fauna e flora tudo desaparecia por
dentro do abraço frio e húmido daquele visitante pesado e indesejado. As
palmeiras do jardim da avenida sentiam-se apertadas naquela densidade pegajosa
e pelas suas longas folhas inertes escorriam lágrimas penosas que só o vento as
faria secar.
O palmeiral ansiava pela chegada do ventania fria e forte à
qual já se habituara e que, rapidamente, poderia dissipar aquelas gotículas de
água que tudo molhava e tornava cegos os olhos que não viam “um palmo à frente
do nariz”.