Folhas
mortas, folhas secas que o vento arrancou. Soltas, esvoaçam pelo ar ou pousam
no chão onde serão pisadas, desfeitas em pó que o vento espalhará.
Há palavras que
quando libertadas podem ser usadas em arremessos violentos nas fúrias ventosas
dos desencontros da vida ou podem vogar no ar ao sabor arrítmico das brisas
quando reina a calmaria no espaço da vivência.
Folhas
secas, palavras rudes, ambas são material de combustão fácil, capazes de
provocar chama se caírem em sítios pouco cuidados onde as atenções à sua
intrínseca manutenção foram esquecidas no vaivém sempre igual das rotinas costumeiras.
Aí tombadas, folhas ou palavras, rapidamente se criam condições para que fortes
labaredas irrompam num braseiro destruidor.
Palavras duras
como pedras, afiadas como setas, doridas e sofredoras atiradas como dardos certeiros
ao alvo escolhido, ouvidas ao acaso, entre bicas e pastéis de nata,
no burburinho dum café, pouso de gente de longe, onde as folhas não entraram
mas os verbos soaram no presente, esquecido que estava o passado sem futuro
desejado pelos intervenientes da peleja.
texto de Benó