quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Casos ao acaso

 
 

Conversas ouvidas por acaso, ao acaso, numa qualquer esplanada vendo o ocaso do dia escolhido ao acaso, entre os muitos que, por acaso, povoam as minhas tardes.

Entre as “imperiais”, as pevides e os tremoços estrondeavam gargalhadas, chasqueava-se e o divertimento parecia reinar sobre as mesas redondas, numa brincadeira de larga e pega.

O grupo era pequeno em número mas grande na boa disposição que mostrava. Todos exibiam nos seus corpos elegantes, aquele invejável bronzeado que o bom sol algarvio oferece. Elas, de shorts, bem shorts, esfarripados, abaixo do umbigo ornado com um “piercing” e eles de bermudas naqueles padrões que fazem lembrar os indígenas do Havai. Elas ostentavam os seios resguardados em tops ousados, eles exibiam t-shirts de marcas superconhecidas.

Os temas que originavam a boa disposição eram diversos, ocos, vazios de interesse para mim que os escutava enquanto bebericava o sumo de laranja da manhã.

O livro que leio, actualmente, era um mero adorno pousado sobre a mesa, pois à minha volta as conversas, de tão abstractas, prendiam-me e eu tentava registar expressões, frases, os gestos de quem falava ora agressivamente, ora com doçura e suavidade para encontrar o que eu chamo de substancia, naquelas reuniões de ocasião.

Um dos meus passatempos, neste mês de Agosto, é deixar o Jardim d'abrolhos e sentar-me numa qualquer esplanada, ao acaso, a observar a fauna que nos visita  ouvindo-a falar sobre temas sem tema. Recolho, sempre, matéria para muita escrita.
 
foto e texto de Benó

2 comentários:

Justine disse...

E assim vais conhecendo o próximo...que é tão distante!

Beatriz Bragança disse...

Querida Benó
Uma bela reflexão!
Mas sabe de um pormenor muito importante?
Gostei de ler que ouviu o grupo de jovens a falar,mesmo sem dizerem nada de especial...
Actualmente,o mais usual é estarem juntos,mas...cada um entretido com o seu telemóvel ou IPad,sem sequer repararem que constituem um grupo.
Um beijinho
Beatriz